Poesia para despertar Sophia

Poemas inspirados em vivências filosóficas

A N. Sri Ram.
Quem me dera a pureza necessária
para deixar para trás legítimas pegadas,
e que o sagrado caminho que me é dado
sempre estivesse iluminado, pleno em Vida...
mas, quando penso, gero sombras refletidas,
pois que não é o Eu que pensa ou que sente,
mas o seu cárcere, sempre tão presente
nos velhos traços deste espaço, convertido
em meu espelho,
ciclicamente.

Neste momento, sonhado e tão fecundo,
portal ou fresta entre o Eterno e este segundo,
a Alma nega o tempo e cria a trajetória,
vislumbra um Dia eterno, e aos ciclos desafia,
nega o egoísmo e rasga o véu que a cega,
supera o abismo e ao pleno voo se entrega,
calando as vozes da memória e do futuro,
plausível meta para quem sonha ser puro.

Nesta tão palpável eternidade,
na vizinhança da visão, da esperança,
quase a roçar algo do rosto da Verdade,
ainda que com toque tênue e fugaz,
o tempo morto se interpõe em minha porta,
mostra-me a torpe prisão-identidade
que volta a velar meu olhar
e,como um lastro, me arrasta para trás...

Vejo, porém, que não se cala o coração,
na ambição de alçar seu voo, ao final,
na negação total do porto em que se ancora,
miseravelmente atado,
para tocar, fazer vibrar cordas da lira
deste mundo manifestado,
deixando marcas, pegadas ascendentes,
deixando marcos para serem alcançados.

Busco encontrar sempre teu rastro, teu presente
o qual me cabe velar, como uma chama
tão luminosa, nas mãos de uma Vestal,
que apenas um coração puro o alimente,
que não se envenene com vícios
e não exija de outro Mestre o sacrifício
de construir e embalar outro presente,
brilhante e promissor, em seus inícios...

...mas condenado na luta permanente,
em outros ciclos de dor e glória igual.

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