Magna Mater, Senhora dos Leões,
que a fúria pacificas,
Tu reinas sobre as duradouras
construções
e as torres edificas,
para a mais elevada visão,
perante a qual se vê o homem e o
leão,
e o Deus, em nós, se reconhece e
identifica...
Jamais esqueces daqueles que a ti
recorrem,
pois domesticas, eficaz, todas as
feras
no humano coração,
e, dóceis, servem, ao teu carro, de
tração,
e os heróis, ante tua Imagem,
desvelam em si os teus aurigas,
soberanos.
O Deus de Nisa, ao percorrer, insano,
a terra inteira, a procurar abrigo
contra os desígnios de Hera e seu
castigo,
que buscam distinguir mortal e
imortal,
achou na Frígia o remédio ao seu mal,
a lucidez da tua Luz que o Theos
exige,
o Entusiasmo e a vertigem
deste encontro Maternal
de todo Ser ao rastrear a sua origem
Rainha da Terra, guardas dons dentro
de um cone,
a abundância da riqueza espiritual,
pois que o cone, a trindade em um
mundo esférico,
não oferece uma riqueza trivial,
mas algo sutil e etérico.
em cuja busca, ao mergulhar, sóbrio e
profundo,
tocamos os umbrais de um outro mundo:
a Unidade.
Senhora Guardiã da Magna Verdade,
vês que Dionísio, o teu filho
espiritual,
mata os Titãs ao encarnar-se em leões
e estas forças, fielmente, o
obedecem...
E à Ariadne, que o fio argênteo tece,
Ele recolhe em Naxos, e então, a
desposa.
E seus atores, em versos e em prosa,
desfilam sobre o palco grego, em
festivais,
sempre com a máscara do Deus, não de
mortais.
Abdicar de obras vãs, domar suas
feras,
renunciar a gerar frutos de estação,
qual Átis o fizera,
e erguer as torres verticais, sóbrios
caminhos
no êxtase de unir inverno e
primavera,
No Fogo que percorre o corpo, como
Vinho,
No sangue que arde e verticaliza a
Vida,
Na lucidez de teus Mistérios, que
esperam
Ao aprendiz que chega ao pés do Monte
Ida.
Io Cibeles, Io Crômios, Io Dendrites!
Que possa o teu Magno Labor me
iluminar,
E, qual machado, possa eu podar
desejos,
Ó Grande Mãe...
Tirando vendas, alcançar ver mais que
vejo,
tirando travas, ousar diluir
limites...
Que tua máscara honre minha face, ó
Deus de Nisa!
Que o néctar destas uvas em que a
vida pisa
Seja de pura e de mais ígnea
sobriedade,
Que, ao me perceber
alto, desde a torre de Cibeles,
que eu veja tua Pele sobre minha pele,
e a embriaguez do aroma intenso da Verdade.
1 comentários:
Estimada senhora, foi um duplo prazer para mim me encontrar com o seu poema e com a imagem da deusa que mora na minha cidade, Madrid.
Meus parabéns pelos seus belos versos e pelo seu lindo blog.
Também gostei muito dos seus vídeos sobre “Cânticos” de C. Meireles, e desse outro de Pessoa.
Eu também também gosto muito de Cecília, de Pessoa e da língua portuguesa, pois em menino morava no Brasil e foi nessa língua que eu fui escolarizado lá no grupo escolar.
Um abraço.
Juan Martín
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