Poesia para despertar Sophia

Poemas inspirados em vivências filosóficas



Quem foi que calhou de dizer
que não se ia morrer,
que a gente ia ficar pra semente?
Bem que a intenção do dizer
fosse boa,
causou prejuízo grande
à toa
quando o povo deu de achar
de viver sem se acabar...

Pois durar pra sempre, pra nóis,
é ficar que nem que agora:
com tudo que é manha e mania,
mesminha fachada no espelho,
um tanto mais novo ou mais velho,
tudo, tudinho igual:
o sestro que não vai embora,
o gosto por manga com sal...
a  marca de catapora,
tudinho pra sempre, imortal.

E aí começa a pendenga,
de gastar toda energia
pra promover esse corpo,
com seu nome e sua fama,
exibido, lá no alto,
qual santo de romaria.
E dá-lhe vida pra isso!
canseira de compromisso
cumpadre, sem serventia!

Pois dei de dizer pro espelho
que não vou só ficar velho
ou querer só ficar moço,
parado, qual água de poço:
vou morrer, morte morrida!
Que a trela que dou pra essas coisas,
não garante que isso é vida:
que o tempo se vai, que nem vela,
ou água em moringa poída.

Depois de bem mastigado,
e o espelho, conformado,
eu hei de, amuado, dizer:
Tá certo, já que é sem jeito,
se há mesmo de morrer,
só de birra, morro agora!
Com a morte decidida,
quem sabe não sobre, cumpadre,
tempo para viver a Vida!

Talvez nem seja o caso
de deixar da manga com sal...
nem dos causos da infância
sem desassossego ou ânsia
por se achar especial...

Tomando tento
que tem mais na vida que espelho,
sem a canga, o burro velho,
fica até bem menos lento!
Vê as gentes, vê as coisas,
vê os causos, e até
fareja tudo o que não vê:
arreda o antolho e o chapéu,
olho o outro, olha o céu,
entende das coisas da vida,
se achega às coisas de Deus...


Tudo isso, o matuto só vê
depois que a morte é fadada.
vendo isso, até me arvoro
com coragem de dizer
que não tem melhor pra Vida,
essa grande, bem vivida,
meu cumpadre,
que aceitar de se morrer!




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