Eu creio em mitos, mais, bem mais do que nos fatos:
creio nos seres, mais que em suas sombras vagas...
Creio nos homens mais que em pálidos retratos,
forma em atrito, que o tempo esboça e apaga.
Eu vejo serem os mitos sempre uma semente:
fecundam o solo da ilusão com realidade:
saga do Ser por formatar o existente,
cujo sucesso é passo para a humanidade.
Vejo melhor quando está muda a minha mente
e sinto os mitos, num presente e estável instante:
Aquiles e Heitor duelando eternamente,
e Odisseu , o incansável viajante...
Vislumbro Avalon, onde o Rei Urso hiberna,
à espera do final dos tempos invernais,
e Amaterasu,a Deusa-Sol, sair da caverna,
dourando em luz eterna o sonho dos mortais...
Que são os fatos, se não espelham sempre os mitos?
Refletem o rosto da madrasta de alguns contos...
Remetem a belos sonhos banidos, proscritos,
e ao conflito entre alma e sombra, e ao confronto...
Morre comigo o banal... cintila e some,
e, à trilha do Homem, nada soma, ou mesmo à minha...
Brinquedos que o tempo gera e consome,
e o pueril homem brinca, joga e não caminha.
Eu creio em mitos, sim... dão cor ao existente
e dão sabor a este tão fugaz instante...
Transformam a lenha morta em fogo audaz e ardente,
e a opaca rocha em transparente diamante.
Canção da Vida, entoas mitos tão antigos,
odes gloriosas para a prole adormecida...
Quando despertos, fortes frente aos inimigos,
compreenderemos tua Voz, Canção da Vida...
Postado por
Luciahga
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