Poesia para despertar Sophia

Poemas inspirados em vivências filosóficas


Quando a voz das emoções torna-se muda,

e não mais sopram os ventos das paixões,

há que haver terra firme, além das ilusões,

onde ancorar, reconstruir, buscar ajuda.



Na solidão aterradora deste tempo,

em que, parece, até o tempo se ausenta,

no vácuo de todas questões e sentimentos,

e nada novo em nossa porta se apresenta,

perder, ganhar, importa pouco ou quase nada,

quando o desejo perde o gosto e já desbota,

gesto mecânico, sem cor, sem tom, sem nota,

e até a memória extraviou no pó da estrada.



Em algum lugar, tua sombra tênue há de estar,

sem corpo físico, mas viva e em movimento.

Sei que também atravessaste este momento

e prometeste revivê-lo junto a nós.



Preciso ver e constatar, junto, ao teu lado,

um novo gosto, que depure o paladar,

novas razões que me motivem a atuar

sem estar presa vitalmente ao resultado.



Como te moves? onde encontras tuas razões?

Qual é o chão que te impulsiona ao movimento?

Que restará, qual sensação, qual sentimento,

em meio ao vácuo do calar das emoções?



Recomeçar, trilhar de novo essa estrada,

despida a máscara, desbotado o verniz,

sem ostentar tudo o que sou, tudo o que fiz,

com a certeza que não sou nem faço nada.



Nesse avançar no anonimato, passo mudo,

reencontrar-me, estando em tudo, agindo em tudo,

rumo à alvorada luminosa em que me esperas,

junto ao Anônimo que construiu as Eras.

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