Querida fresta que abri entre dois mundos,
de pouca largura,
discreta, modesta,
mas fresta...
Amo olhar através de ti
e vislumbrar outras perspectivas...
E só confio quando vejo em ti
e certifico que ainda estou viva.
Seja lá o que for que ainda tenha
ou que perdi,
ninguém me tira o alcance, o poder
de ver de novo através de ti.
Só mesmo em ti é que a dor se ilumina
e até me ensina e me esclarece..
Só com tua luz, a cicatriz não entristece,
e é tão divina...
Só mesmo em ti, tudo que sou, tudo o que fiz
revela um porte tão mais digno, grandioso,
e o meu sonho, ainda que gere pouca obra,
para a visão da minha alma, alcança e sobra.
Talvez não seja mais que isso o que fica,
quando chegar o próximo ou distante fim:
A fresta que abri para que a alma veja,
que mostra e areja algo de Deus que vejo em mim.
2 comentários:
Sinto que tb tenho minha fresta. Uma outra forma de ver. Obrigada.
www.todafro.blogspot.com
No meu nódulo de Saturno (56 anos) abriu-se em mim a fresta de que fala este poema de forma tão profunda e tão simples ao mesmo tempo. Lindo. Enche o coração. Obrigado á autora(o)
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