Poesia para despertar Sophia

Poemas inspirados em vivências filosóficas

Nesta manhã, despertei com algumas notas
simples, suaves, soltas,
de uma voz, que percebi partir de mim,
tão agradável para os meus ouvidos,
acostumados apenas ao ruído
do árduo temperamento, carga herdada
de pais e ancestrais distantes e esquecidos...

É o meu dever buscar devolver
a pesada herança aos donos reais
e, assim, ser capaz de avançar e viver
com bem mais silêncio e com maior paz.

Também costuma ferir os meus ouvidos
a lamentosa e aguda voz carente,
tão comum no feminino inconsciente,
buscando gotas de atenção e de carinho
a um alto preço, cujo peso eu não mereço.

Não é minha, também esta:
tem seus servos e seus amos,
quem a vive e quem a gesta.

Ainda ouço o rangido do eterno ruminar
do rebanho ansioso,
que tem me feito tensa e angustiada,
à espera de tanto,
à conquista de nada...
São tantas vozes fúteis e vazias
que eu me habituei a ecoar...
Mais sons que irão achar seus donos vários...
Que irão voltar aos seus zelosos proprietários.

Mas aquele... era um som diferente,
de um timbre tão tocante e puro,
que cantava lembranças encantadas
colhidas no passado e levadas ao futuro.
Eram simples cantigas de embalar
de um mãe amorosa e singela,
que entoa suas canções sob as estrelas...

Aconchegada em seu peito, estava a Vida,
que sempre vibrará ao som dessa canção
ocasionalmente ouvida...
Um dia, essa lembrança, nova e antiga,
e a perfeita harmonia dessa cantiga
suavizará, em mim, as feras que há na terra,
despertará, enfim, as aves que há nos céus.
e, ao invés de sons caóticos, ao léu,
entoarei, consciente, essa canção arcana,
E, do latente, emergirá a doce dama...

E é somente neste dia, nunca antes,
que irei entender toda a magia deste instante,
dessas manhãs despertas com esta melodia...
Livre de ruídos e de amarras, de antigos nós,
eu encontrarei, depois de buscar insistentemente,
nessa multidão, milhares de vozes, a minha voz.

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