Perdoo a nós o não avançar além, jamais,
desse limite que nos ata a este momento...
Perdoo a mim o emudecer dos sentimentos
o não sentir para julgar cada vez mais
Perdoo a incapacidade de expressar
as coisas mais essenciais que nos pertencem,
que vivem em nós, mas escasseiam em ar e voz,
e a pouca paz, e os turbilhões que tanto vencem.
Perdoo o conformismo que nos traz
o sonhar tanto e o poder tão pouco.
Perdoo a fala que anuncia mais que faz
e o apelo interno, abafado e rouco,
que não alcança libertar a nossa alma.
Perdoo sobretudo a pouca calma
que não espera, e que fere e fustiga...
Perdoo a essa “estimada” inimiga,
em nosso encalço pela vida afora.
Perdoo a vida, por breve,
Perdoo a Luz, na Aurora,
por se mostrar justo à hora
em que a vontade é pouca e o impulso é leve...
Perdoo o ontem e perdoo o agora...
Porque perdoo, eu levanto voo,
Estendo as asas, inibidas antes,
e agora, no perdão já redimidas,
rastreiam estrelas esquecidas e distantes.
Perdoo mesmo a falta e o excesso de esperança,
qual ferro em brasa, que me queima as asas
e me atrasa o sacro oficio de crescer.
Que a redenção, quitado o preço do perdão,
liberte seus fantasmas do porão escuro,
e que esse fardo do que foi não pese em vão,
e que renasça o ardor e a sede de futuro...
e que esse fardo do que foi não pese em vão,
e que renasça o ardor e a sede de futuro...
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