Poesia para despertar Sophia

Poemas inspirados em vivências filosóficas



Nem rio e nem terra seca;
um pouco “de um e do outro”,
tal como diria Platão.
A várzea é, às vezes, vazia,
e, às vezes, é rica em frutos,
nos dias da nova estação.

Em meio a águas ágeis e turvas,
vive algo, imerso em sombra e solidão.
Pois, neste presente, inundado
de expectativa e peso do passado,
há que lutar para manter íntegro o grão.

Se a água infiltra e fertiliza,
bem mal se divisa, agora.
Só vemos que o Tempo desliza
por tempos em que a terra chora.

Um dia, doar.
Sobre a fome dos homens, jorrar
o intenso e pleno alimento;
seriam as dores dos demais momentos
só o preço pago ao parto, ao germinar?

Várzea da alma,
que sempre vivo, um tanto aflita, um tanto calma,
se és o que sou e o compreendo, eu o aceito,
pois, deste húmus, que cultivas em teu leito,
já floresceram “babilônias” e “egitos”.

E, ainda que pobre e humilde para tanto,
será através deste teu fértil pranto
que narrarei ao tempo o meu próprio mito.


1 comentários:

Belo poema, parabéns!

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