Poesia para despertar Sophia

Poemas inspirados em vivências filosóficas




Pela estreita janela, em frente ao leito,
ela alcançava ver uma mangueira
pesada de verdes frutos.
“Carregadinha, olha só!”, e sorria...
E a consciência, de novo, já fugia.
Talvez cansada de admirar a vida,
ela, que era só um fio, adormecia,
até o dia em que não mais aqui voltou.

Penso que, mesmo no verdor da vida,
sua consciência jamais venha a ter sido
nem mais nem menos do que isso: só um fio,
que, agora, foge, desapercebida,
e deixa um corpo abandonado e frio.

Eu, mergulhada num tumulto, em pensamentos,
silêncio fora e só ruídos dentro,
busco também a Vida, a Voz e o Vazio,
enfim,
eu busco o fio,
que espera a hora de acordar, em mim.

Senhor, que mundo estranho e pouco desbravado
o Teu caminho...
É mesmo assim, essencial e necessário
trilhar sozinho?
Depois de ouvir teus tradutores, vários,
é natural
a Tua Voz, ainda decifrar tão mal?

Senhor, tende compaixão...
Leva de mim o que não és Tu,
e que me deixa em solidão tão povoada,
e que, de fato, nem sequer existe,
pois que, aquilo que não és Tu, não é nada.

Leva de mim o eco ensurdecedor,
e o estranho hábito de estimar a dor,
na vaidade fútil e dual
de amar o bem e de flertar com o mal.

Senhor, dá-me estar contigo,
a sós e plena, não mais que contigo,
e, em ti, viver e saborear a Solidão tão pressentida...

Senhor, dá-me enxergar as mangas verdes desta Vida,
e libertar a consciência asfixiada e reprimida,
que não alcança amadurecer.
Senhor, faz que eu alcance o fio que flutua,
e que ata firme a minha vida à Tua...
Senhor... desperta em mim o Ser!




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