Poesia para despertar Sophia

Poemas inspirados em vivências filosóficas






Baseado no mito de Eros e Psiquê
narrado no "Asno de Ouro", de Apuleio.



Tempos banhados de sol em um reino sem fim,

meus dias são.

Sedas, brocados e belos jardins

de ilusão.

Mas meus sonhos, sem ânsia, anunciam

que, à distância,

meu misterioso esposo vem.



E assim que as sombras cobrem

a noite, silencioso,

tão suave e tão nobre,

vem meu esposo.

E até as estrelas sentem

quando ele está presente,

tão belo e luminoso, o meu esposo.



Quando a aurora retorna, veloz,

e o vazio ocupa o meu leito,

ele sempre está guardado em meu peito.

Quando expresso sentimentos,

em tudo o que toco e vejo,

vou deixando o suave toque dos seus beijos.

Ao bordar meu nobre manto,

pois viver é Grande Arte,

o seu rosto eu vou bordando em toda a parte.

Nas canções que me embalam,

neste tempo que consome,

em cada frase que falo, ouço seu nome.



Como bordar um rosto ignorado?

Será loucura?

Como amar alguém que está ao meu lado

apenas na noite obscura?

Como cantar um nome que citado

não foi jamais?

Como servir a algo tão velado

e tão fugaz?



Vencendo a dúvida, cruel açoite,

enfrento o dia, fiel à Noite:

contra escravos da volúpia,

contra os servos do desejo,

em misteriosas núpcias,

amo a quem não vejo.

Entre presas da paixão,

neste estranho labirinto,

abro o meu coração

ao que pressinto.

Entre estranhos mercadores,

que dormem sós, ao relento,

embriagados pela voz do esquecimento,

eu caminho sem temores,

confiante na lembrança

que me inspira essa brilhante Aliança.



Superadas minhas provas, um dia, verei seu rosto,

com novos olhos, com vestes novas.

Superados meus limites, um dia, terei asas

Para encontrar minha casa.



Então, em plena liberdade,

pelos ares, pelo espaço,

Cruzarei a eternidade nos seus braços.

Embalado em doces versos,

Dá-se o encontro tão perfeito,

no Coração do Universo, o nosso Leito.


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