Poesia para despertar Sophia

Poemas inspirados em vivências filosóficas

A Luiz Calcagno Fettermann.

Havia um jovem que eu vi, um dia,
cuja fúria de viver e de dar vida
soprava quase como um furacão.
Coração jovem, com força incontida,
corria o risco de que sua munição,
mal dominada e pouco conhecida,
sujeita a qualquer súbita explosão,
causasse a ele e aos demais dor e feridas.

Pedi acesso a esse coração
e fui tão gentilmente recebida!
Pude mostrar-lhe, paulatinamente,
ou relembrar-lhe, já que o pressentia,
qual era a única e justa direção
sobre a qual vale usar sua artilharia.

Presenciei lágrimas em um rosto jovem
ao relembrar de coisas tão antigas.
Ergui de novo, com ele, as mesmas vigas
do templo que já habitamos algum dia.

Hoje, a alegria que me traz essa lembrança
vê-se tingida de tristeza e medo,
pois que, na ânsia de dizer-lhe tudo,
deixei para trás metade do segredo.

Sinto-me honrada por me ter aberto
as portas de um recinto tão sagrado,
mas só se deixa a sala de um tesouro
com a segurança de deixá-lo bem trancado.

Ladrões que profanam templos,
sempre os houve e haverá.
Penetram, com vozes ruidosas...
Misturam, a jóias preciosas,
garrafas, palavras vazias.
Trocam o brilho do eterno
pela embriaguez de um dia.
Profanam, com zombarias,
nossas preces mais queridas.
Confundem esterco com ouro,
vivem a desonrar tesouros,
e a isso chamam “vida”.

Se posso pedir-te ainda algo,
agora, meu jovem, te peço:
deixa-me entrar novamente,
dá-me, uma vez mais, acesso.

Eu trago comigo uma espada
e vou ensinar-te a usá-la.
Verás que, à sua frente, se cala
a torpe e profana mentira.
Retoma, outra vez, tua ira,
empunha-a e entra comigo.
Depressa, a banir bravamente
o baixo e covarde inimigo.
É tua a minha mão; toma, aperta-a,
depressa a trancar essa porta.
Purificado é teu peito
de toda impura invasão.
E lembra que a mão que ora apertas
lutará sempre contigo
toda vez que o inimigo
vier a rondar teu portão.

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