A todos os que anseiam por eternidade.
Repousa o Semideus, o Grandioso Rei, em sua cidade...
Não vê que há limites, pois que é cego ante o que é pequeno.
O que ao Deus é doce, já para o homem, é qual veneno,
pois há que depurar sempre o paladar da humanidade.
Os Deuses o conhecem, e, com piedade, logo interferem,
semeando, na floresta, o que será seu amigo e irmão:
grandioso, mas mortal; do que é mortal, será guardião,
amante da floresta e inimigo dos que a ferem.
As feras dos dois mundos, terra e céu, os dois logo abatem,
são grandes os seus feitos, mas, eis que, um dia, o ciclo encerra,
pois nesta hora a morte lhes proporá um novo combate.
Em comoção geral, o irmão mortal jaz sobre sua terra.
Vencido pela dor, vejo o grande Rei, já prostrado e triste...
Reúne suas armas e se encaminha rumo à Verdade.
Desencantado, enfim, de tudo aquilo que aqui existe,
procura o Imortal, o que atingiu a eternidade.
O vencedor do tempo é um ancião, de terra distante...
Além do mar da morte, abriga o Rei, e o desafia:
desperto, em sete noites, há de saber da arca triunfante,
que cruzou o dilúvio e encontrou sua moradia.
Cansado da jornada, ele adormece e perde a história...
Acorda, condenado à vida e à morte, até que, um dia,
enfim, sobre seu corpo, sobre sua alma e sua memória,
esteja então selada sua completa soberania.
E volta o Rei à terra, já esquecendo sua aventura...
Ei-lo a erguer muralhas, sem se lembrar do que mais importa:
vencer monstros em si, conquistando a posse da alma pura,
e recordar quem é, e guiar seus passos à Eterna Porta.
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